por Alberto Caieiro ( Fernando Pessoa)
O meu olhar é nítido como um girrasol.
Tenho o costume de andar pelas estradas
Olhando para a direita e para esquerda,
E de vez em quando olhando para trás...
E o que vejo a cada momento
E o que vejo a cada momento
É aquilo que nunca antes eu tinha visto,
E eu sei dar por isso muito bem...
Sei ter o pasmo essencial
Que tem uma criança se, ao nascer,
Reparasse que nascera deveras...
Sinto-me nascido a cada momento
Para a eterna novidade do Mundo...
Creio no mundo como um malmequer,
Creio no mundo como um malmequer,
Porque o vejo, mas não penso nele
Porque pensar é não compreender..
O mundo não se fez para pensarmos nele
O mundo não se fez para pensarmos nele
(Pensar é estar doente dos olhos)
Mas para olharmos para ele e estarmos de acordo...
Eu não tenho filosofia: tenho sentidos...
Se falo da natureza não é porque saiba o que ela é,
Se falo da natureza não é porque saiba o que ela é,
Mas porque a amo, e amo-a por isso,
Porque quem ama nunca sabe o que ama
Nem sabe porque ama, nem o que é amar...
Amar é a eterna inocência,
E a única inocência é não pensar...
3 comentários:
Afinal, estamos doente dos olhos?
"Porque pensar é não compreender..."
Blog atualizado!
o/
Passe aqui...
beijo!
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