terça-feira, 22 de abril de 2008

Ser ou não Ser?


por Fernando Pessoa ¨

Não sei quantas almas tenho.
Cada momento mudei.
Continuamente me estranho.
Nunca me vi nem acabei.

De tanto ser, só tenho alma.
Quem tem alma não tem calma.
Quem vê é só o que vê,
Quem sente não é quem é,
Atento ao que sou e vejo,
Torno-me eles e não eu.

Cada meu sonho ou desejo
É do que nasce e não meu.
Sou minha própria paisagem;
Assisto à minha passagem,
Diverso, móbil e só,
Não sei sentir-me onde estou.
Por isso, alheio, vou lendo
Como páginas, meu ser.

O que segue não prevendo,
O que passou a esquecer
.Noto à margem do que li
O que julguei que senti.
Releio e digo : "Fui eu ?"
Deus sabe, porque o escreveu.

sábado, 19 de abril de 2008

Anjo de Luz chamado Isabella Oliveira


Tentei escrever sobre outra coisa, algum texto que li, uma música ou poesia ... mas, não consigo parar de pensar nesta tragédia que invadiu as nossas casas, com notícias pormenorizadas e às vezes até apelativas (surtiram efeito, em mim), mas enfim, este fato que chocou a sociedade brasileira.

Questiono-me como alguém, um pai, se é que ele merece tal nomenclatura, seria capaz de tamanha atrocidade. É praticamente impossível, não, é impossível, justificar a crueldade, a falta de humanidade, a indecência, o desrespeito para com todas as MÃES e PAIS que exercem seu papel de amigo, amor, carinho e proteção, àqueles que amam e protegem pessoas que são partes de si. A sociedade clama por justiça e quem quer que tenha cometido este crime, deverá ser responsável pelos seus atos.

Venho demonstrar a minha indignação, perante a seres humanos capazes de agir de maneira tão repudiante.

Por fim, ao ler palavras tão serenas de uma MÃE, faço-me acreditar que irá perdurar os gestos, os breves e infinitos momentos de plena alegria. Que somente o grandioso Arquiteto deste universo poderá ajudá-la a trilhar caminhos de luz e força.


“A morte não é tudo. Não é o final.
Eu apenas passei para a sala seguinte. Nada aconteceu.
Tudo permanece exatamente como foi.
Eu sou eu, você é você,
e a antiga vida que vivemos tão maravilhosamente juntos
permanece intocada, imutável.
O que quer que tenhamos sido um para o outro, ainda somos.
Chame-me pelo antigo apelido familiar.
Fale de mim da maneira que sempre fez.
Não mude o tom.
Não use nenhum ar solene ou de dor.
Ria como sempre fizemos das piadas que desfrutamos juntos.
Brinque, sorria, pense em mim, reze por mim.
Deixe que o meu nome seja uma palavra comum em casa, como foi.
Faça com que seja falado sem esforço, sem fantasma ou sombra.
A vida continua a ter o significado que sempre teve.
Existe uma continuidade absoluta e inquebrável.
O que é esta morte senão um acidente desprezível?
Porque ficarei esquecido se estiver fora do alcance da visão?
Estou simplesmente à sua espera, como num intervalo,
bem próximo, na outra esquina.
Está tudo bem!”

(postado por Ana Carolina Oliveira, mãe de Isabella, em sua página pessoal, autor desconhecido)